Crise amplia número de afastamentos do trabalho por ansiedade

27 de junho 2017
As concessões de Auxílio-doença por transtornos de ansiedade cresceram 17% em quatro anos, passando de 22,6 mil, em 2012, para 26,5 mil, em 2016, segundo dados da Secretaria de Previdência. No período, a União pagou R$ 1,3 bilhão aos segurados que se afastaram do trabalho.
Duas em cada 10 pessoas são afastadas do trabalho por medo do futuro, palpitações, insônia, falta de ar, sensação de paralisia, sintomas de ansiedade. A doença já é a segunda maior causa de afastamentos por transtornos mentais e comportamentais, categoria que também abrange depressão, esquizofrenia e problemas relacionados ao uso de drogas. Fica atrás apenas da depressão, que responde por três em cada 10 concessões do benefício.
Especialistas apontam a crise econômica, entre os fatores para o aumento dos afastamentos por ansiedade.
Setor bancário
O transtorno mental é uma das principais causas de afastamentos do trabalho no setor bancário, superando os casos de LER/DOERT, segundo levantamento do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), com base em informações do INSS.
Em 2013, foram 5.042 afastamentos por transtornos mentais e comportamentais, totalizando 27% do total de afastamentos. Doenças do sistema osteomuscular e do tecido conjuntivo somam 4.589 casos e representam 24,6% das causas de afastamentos.
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Os dados apontam que as condições de trabalho, principalmente nas agências bancárias, são fatores de risco para a saúde dos funcionários. A manipulação de grandes quantias de recursos por muitas horas também é uma das causas de estafa dos trabalhadores e um dos motivos que levou à redução da jornada da categoria para seis horas e à proibição da abertura dos bancos aos sábados.
Sem que isso fosse levado em conta, um projeto de lei tramita no Senado com a intenção de acabar com a proibição do trabalho aos sábados nos bancos (clique para ler mais sobre o assunto).
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A proporção dos casos de transtornos mentais entre os bancários e bancárias é muito maior do que entre trabalhadores de outros setores no Brasil, devido a pressão e o assédio moral que sofrem pelo cumprimento de metas. Muitas vezes, os bancários somente conseguem afastamento após recorrer à Justiça para comprovar que o quadro tinha ligação com o trabalho.
Fonte: Contraf-CUT