APP Sindicato denuncia a grande farsa dos supersalários

23 de junho 2015
A APP Sindicato apresentou na última sexta-feira (19/06) denúncia ao Ministério Público Estadual sobre o ataque feito pelo governador Beto Richa (PSDB), de divulgar na internet os “20 maiores salários dos professores” do Paraná. Para a entidade sindical, isto não tem nada a ver com uma administração transparente, pelo contrário. A intenção do governador, na avaliação da APP, é mostrar à população que os professores são bem remunerados e suas reivindicações não são legítimas.
Para combater esse ataque, a APP questiona por que o governador não divulga aos paranaenses quanto ganham seus assessores. Diferente do que fez com os professores, o governador não divulgou com destaque quanto ganham os milhares de comissionados que foram contratados nos últimos meses e os ocupantes de cargos de alto escalão.
“Ao mostrar valores de ganhos bem acima da média da maioria dos(as) trabalhadores(as) o governador do Estado fornece mais uma mostra que ele parece não ter perdoado a categoria do baque que sua imagem de bom político sofreu nos últimos meses”, avalia matéria publicada no site da entidade.
Quanto realmente ganha um educador?
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De acordo com a APP Sindicato, um professor ou professora que ingressa no Estado para lecionar em salas de Ensino Fundamental e no Ensino Médio recebe R$ 1.236,62 por 20 horas ou R$ 2.473,24 por 40 horas.
Por outro lado, um advogado, por exemplo, que ingressa no Estado com mesmo grau de escolaridade, recebe salário de R$ 3.194,45 para trabalhar por 40 horas, ou seja, 22% a mais que um professor.
Este professor só pode avançar na carreira após três anos de estágio probatório, ou seja, durante este período ele fica com o salário congelado. A cada dois anos, o professor pode avançar até três classes na carreira (com avaliação de desempenho e cursos que participou), o que significa que pode ter direito até 5% de reajuste (em cada classe). Mas nem isto é garantido pelo governo, que, nos últimos anos, tem atrasado a implantação e pagamento dos avanços na carreira.
Para chegar a um salário de cerca de R$ 2 mil, o professor precisa ter nove anos em sala de aula. Já para ganhar em torno de R$ 3 mil, o caminho é mais longo. Será necessário um curso de especialização e um mestrado oferecido pelo Estado, chamado de PDE, cujo número de vagas não é suficiente. E mais: neste ano de 2015 já foi suspenso até agosto. Mesmo assim, após o mestrado precisa de pelo menos mais quatro anos de trabalho para chegar a este salário.
Entenda a manipulação feita pelo governo nos salários
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A relação dos salários estão com valores manipulados. Conforme informou a APP Sindicato, um exemplo disso é a professora Vera Lucia Werle Stadtlober, que aparece na lista com um salário de mais de R$ 27 mil reais, conforme divulgado no Portal da Transparência.
Há uma sequência de erros graves neste contracheque, a exemplo dos demais supersalários divulgados. O primeiro, é quanto aos rendimentos acumulados: o valor de R$ 15.035,53 refere-se a promoções e progressões de carreira acumuladas pagas com mais de 18 meses de atraso. Ou seja, a professora Vera teve direito a elevações na sua carreira, trabalhou por quase dois anos sem receber o que era seu por direito, recebeu em uma única vez. Detalhe importante: o governo pagou sem qualquer correção.
O segundo erro: a revisão do abono permanência, também acumulado e pago de uma só vez, sem correção refere-se ao tempo de serviço que excede aos 25 anos de carreira. A professora Vera trabalha há 28 anos no Estado e tem direito ao benefício. O terceiro valor que 'engordou' o contracheque no mês de maio foi o pagamento do quinquênio. A cada cinco anos de trabalho o educador tem direito ao reajuste de 5% sobre o salário-base.
A professora Vera é apenas um dos casos divulgados de maneira distorcida para convencer a sociedade dos altos salários na educação. O que deveria ser mostrado é omitido. A professora Vera possui graduação e pós-graduação. Trabalha há 28 anos nas salas de aula e seu salário base é de R$ 5.035,76, valor muito diferente dos 27 mil alardeados pelo governo.
"Os valores divulgados são manipulados, eles apresentam promoções, progressões, benefícios acumulados e não pagos. Foi a luta da categoria e as duas greves desse ano que garantiu o pagamento desses atrasados. É de uma covardia sem limite usar esses contracheques para justificar altos salários", defende o presidente da APP-Sindicato, professore Hermes Silva Leão.
Fonte: APP-Sindicato