Bancos propõem reajuste insuficiente, com retirada de direitos

21 de agosto 2018
O setor mais lucrativo do País frustrou, mais uma vez, as expectativas da categoria bancária ao apresentar na rodada de negociação desta terça-feira (21/08), realizada em São Paulo, uma proposta insuficiente, que prevê apenas 0,5% de aumento real e a retirada de direitos.
Os cinco maiores bancos (BB, Caixa, Itaú, Bradesco e Santander), que somente no primeiro semestre deste ano já ganharam R$ 42 milhões ou quase 18% mais que em 2017, não querem reconhecer o valor dos bancários e bancárias e ainda querem alterar ou excluir de diversas cláusulas de CCT (Convenção Coletiva de Trabalho), como, por exemplo, o pagamento proporcional, e não mais integral, da PLR das bancárias em Licença-maternidade e de afastados por doença ou acidente.
A proposta foi rejeitada na mesa de negociação pelo Comando Nacional dos Bancários. “Os dirigentes que compõem o Comando rejeitaram a proposta porque tem retirada de direitos e, em Assembleias realizadas em todo o Brasil no último dia 8, a categoria já afirmou que não aceita nenhum direito a menos”, afirmou a presidenta da Contraf-CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro), Juvandia Moreira.
“Houve alteração no índice, com aumento real, mas ainda é insuficiente, muito aquém do que eles podem pagar. Setores menos lucrativos pagaram aumento real maior e os bancos podem pagar ainda mais”, ressaltou.
A Fenaban pediu um prazo para se reunir com os bancos e, assim, a negociação continua na quinta-feira (23).
A Caixa Federal tem negociação marcada para a quarta-feira (22), às 10h00. O Banco do Brasil também será nesta quarta, às 15h00.
Negociação levou a tarde e a noite
Muitos bancários questionam por que a negociação demorou tanto. Os bancos apresentaram a redação de 71 cláusulas, mais o Acordo de PLR, com alteração em várias delas. Seja por conta das regras do e-Social, supressões ou mudanças.
“É um processo muito cansativo, mas os dirigentes do Comando Nacional debateram cláusula por cláusula, com o objetivo de defender e garantir todos os direitos dos bancários”, explicou Juvandia.
Veja os principais pontos da proposta dos bancos
• Retirada do salário substituto (cláusula 5ª)
• Fim da PLR integral para bancárias em licença-maternidade e afastados por acidente ou doença (esses trabalhadores receberiam PLR proporcional ao período trabalhado)
• Querem compensar, caso percam na Justiça, as horas extras pagas como gratificação de função conforme a cláusula 11ª da CCT. Esse item não vale para os bancos públicos, que têm PCS (Plano de Cargos e Salários). A proposta foi rejeitada e o Comando quer negociar PCS para todos
• Alteração da cláusula do Vale-transporte, rejeitada porque ficaria pior do que a lei (cláusula 21ª)
• Fim da cláusula que proíbe a divulgação de ranking individual (cláusula 37ª)
• Retirada da cláusula que previa adicional de insalubridade e periculosidade porque está na lei (cláusula 10ª)
• Querem flexibilizar o horário de almoço de 15 minutos para 30 minutos na jornada de seis horas (exceto para teleatendimento e telemarketing)
• Fim do Vale-cultura (cláusula 69). Comando quer que permaneça para que o direito esteja garantido caso do governo retome o programa.
• Retirada da cláusula que garantia a homologação de rescisão contratual nos Sindicatos
• Um avanço: garante o parcelamento do adiantamento de férias em três vezes, a pedido do empregado
• Outro avanço: mantém o direito do hipersuficiente à CCT (quem ganha mais de R$ 11 mil)
• Mantém o direito ao adiantamento emergencial para quem tem recurso ao INSS por 90 dias. A categoria quer 120 dias
Fonte: Contraf-CUT