Emprego é prioridade, reafirma Comando Nacional em reunião com a Fenaban

19 de agosto 2015
Da mesma forma como agiram nos anos anteriores, os representantes dos bancos rejeitaram as reivindicações da categoria, neste caso, relacionadas ao tema emprego. Na primeira rodada de negociação da Campanha Nacional Unificada 2015, realizada hoje (19/08), em São Paulo, a Fenaban rebateu os argumentos do Comando Nacional dos Bancários de que estão faltando trabalhadores no setor mais lucrativo do país.
Eles negaram a realidade vivida atualmente nas agências, caracterizadas pelo reduzido número de funcionários, inadequado para a demanda cada vez maior, dizendo que não há muitas demissões no setor. Os dirigentes sindicais ressaltaram que o déficit de postos de trabalho é evidente, citando como exemplo agências que operam com apenas um ou dois funcionários, obrigando os clientes a fazerem suas operações através dos meios eletrônicos.
De janeiro a junho deste ano, de acordo com dados do Caged (Cadastro Geral dos Empregados e Desempregados), do Ministério do Trabalho e Emprego, o setor bancário cortou 2.795 empregos este ano. Esse número aumenta para 22 mil quando analisado o período de janeiro de 2012 a junho de 2015. No início dos anos 1990, o Brasil tinha 732 mil bancários. Em 2013, esse número caiu para 511 mil, segundo apontou a RAIS (Relação Anual de Informações Sociais). No momento, 21 mil bancários do HSBC, adquirido pelo Bradesco, ainda correm risco de demissão.
O Comando Nacional dos Bancários também reivindicaou o fim da rotatividade, o combate à terceirização, inclusive via correspondentes bancários, e a criação de um Grupo de Trabalho para discutir a automação, entre outros pontos da pauta. Os representantes dos bancos, no entanto, alegaram que não podem dar qualquer garantia de emprego aos bancários e bancárias.
Enquanto isso...
Os balanços dos bancos entre 2012 e 2014, deixam claras as consequências dessa política de redução do pessoal. O lucro dos sete principais bancos em operação no Brasil (BB, Caixa, Itaú, Bradesco, Santander, HSBC e Safra) cresceu 18%, saltando de R$ 52 bilhões para R$ 62 bilhões, segundo revelam os balanços.
“Não bastasse isso, a rotatividade praticada pelos bancos resultou no achatamento dos salários dos admitidos, que ganham, em média, 42% menos, do que era pago aos demitidos”, observa Regiane Portieri, presidenta do Sindicato de Londrina.
Regiane afirma que, além disso, os bancos estão ganhando muito com a terceirização de serviços e apostam nos avanços tecnológicos para elevar ainda mais seus ganhos exorbitantes.
O Comando também questionou o aumento de demissões por justa causa e os bancos se comprometeram a verificar a denúncia.
Sobre a reivindicação de ampliação do Abono-assiduidade para cinco dias, os integrantes da Fenaban disseram que há pouca possibilidade de avançar em relação a esta reivindicação.
“Essa postura da Fenaban já era esperada. Por isso, temos que construir uma mobilização forte para mostrar a eles que para nós demissão não tem perdão, ainda mais no setor que ganha cada vez mais às custas da crise financeira mundial e não se preocupa com as consequências disso”, ressalta.
Fonte: Contraf-CUT/Sindicato de São Paulo