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Enrolação marca postura dos bancos nas reuniões sobre saúde e assédio moral

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16 de maio 2016

Apesar da importância que os temas relacionados à saúde da categoria bancária têm, representantes dos bancos compareceram no dia 11 de maio, em São Paulo, para a reunião da Mesa Bipartite de Saúde sem propostas concretas a apresentar e rejeitaram avanços solicitados pela categoria.

Na ocasião, segundo a secretária de Saúde do Sindicato de Londrina, Kelly Menegon, esteve em discussão a cláusula 44 da CCT (Convenção Coletiva de Trabalho), que estabelece o Programa de Reabilitação Profissional.

“No início dos debates, nós reivindicamos mudança na denominação do Programa, para que seja de Retorno ao Trabalho, porque os bancos não fazem nada durante o afastamento do bancário e muito menos para reabilitar quem retorna da Licença”, argumenta.

Kelly afirma que o descaso dos bancos com esta questão é tanta que apesar de estar previsto na cláusula o acesso dos Sindicatos a informações sobre o Programa, na prática isso não ocorre. “Nós só ficamos sabendo o que está ocorrendo com bancários e bancárias que retornam ao trabalho quando eles nos procuram. Os bancos se limitam a ficar de olho no período de vigência da estabilidade no emprego para quando este direito acabar poder demitir quem ficou doente”, denuncia.

De acordo com ela, a partir do momento que um funcionário sai de Licença para tratamento de saúde os bancos já avaliam que ele não serve mais para trabalhar e só aguardam o momento certo para dispensá-lo, sem se dispor a oferecer condições para que supere as dificuldades e volte a trabalhar e recuperar o ritmo.

Os representantes dos bancos reconheceram a importância deste tema, mas se recusaram a apresentação de dados a respeito dos afastamentos, apesar disso estar previsto na Lei que regulamenta o PCMSO (Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional).

“O movimento sindical quer a efetividade da legislação. Já estamos há dois anos aguardando isso para verificar os dados sobre as licenças médicas e cobrar medidas para conter o adoecimento na categoria”, ressalta a secretária de Saúde do Sindicato de Londrina, avaliando que essa postura da Fenaban é uma total falta de respeito com os bancários e bancárias.

Pesquisa “Bem Estar”

Os dirigentes sindicais presentes na reunião da Mesa Bipartite de Saúde também questionaram a pesquisa “Bem Estar”, que a Fenaban está encaminhando à categoria, sem ter discutido a mesma com os Sindicatos.

Kelly Menegon avalia que ao lançar esta pesquisa, os bancos passam por cima do diálogo que está sendo feito nas Mesas Temáticas, desrespeitando as entidades sindicais.

“Essa pesquisa tem pergunta simples, mas têm como foco a pessoa, sem levantar as condições e o ambiente de trabalho, que são os fatores responsáveis pelo alto índice de adoecimento verificado na categoria”, salienta.

Segundo Kelly, foi cobrado dos bancos a apresentação dos resultados dessa pesquisa, mas isso foi negado sob a alegação de que a mesma “não nasceu na Mesa Bipartite”.

Assédio Moral

O Coletivo de Saúde da Contraf-CUT se reuniu ontem (12/05) com a Fenaban para discutir a cláusula de Prevenção de Conflitos no Trabalho, cujo principal assunto em pauta é o combate ao assédio moral.

O movimento sindical cobrou dos bancos a estratificação das denúncias encaminhadas pelos Sindicatos com informações a respeito do tipo de denúncia, local onde ocorreu a agressão e as providências tomadas em relação aos denunciados e aos denunciantes.

Os representantes dos bancos afirmaram que ainda estão “amadurecendo” os dados e se comprometeram em apresenta-los na próxima reunião, agendada para o dia 21 de julho.

“Eles estão enrolando na apresentação dessas informações, que têm de ser prestadas semestralmente. Enquanto isso, o que nós verificamos é a demissão de algumas pessoas que fizeram denúncias, bem como dos denunciados. Acho que é uma forma de matar o mal pela raiz”, desconfia Kelly Menegon.

Kelly afirma que na reunião foi cobrada redução do prazo para que os bancos se posicionem a respeito das denúncias, que atualmente é de 45 dias, para 30 dias, como forma de agilizar estes processos.

A Fenaban também negou esta reivindicação, alegando que no prazo atual já está difícil verificar os casos encaminhados.

“Cobramos deles respostas sobre qual é o procedimento dos canais que recebem as denúncias, pois sempre é enviado aos Sindicatos uma resposta padrão, independente do Estado, do banco ou do tipo de denúncia. Parece que para eles não importa o tipo de comportamento dos gestores ou do que ocorreu, mas sim se livrar dos problemas sem entrar no mérito deles”, avalia.

Para a secretária de Saúde do Sindicato de Londrina é preciso ter maior agilidade nas reuniões e a aplicação efetiva do que for definido na Mesa de Saúde com a Fenaban.

“Temos ainda pendentes coisas que foram objeto de debates nas Campanhas dos últimos anos e foram jogadas para as Mesas Temáticas e que ainda não receberam os encaminhamentos necessários para serem resolvidas. “Quem acaba sofrendo com essa enrolação é o bancário e bancária que estão na linha de frente”, finaliza.

Por Armando Duarte Jr.