Desabafo de ex-bancário revela como o banco massacra a categoria

15 de setembro 2017
"Acordei: 6:00 hrs. Por um momento me veio à cabeça o banco. 6:30 hrs levantei, olhei no espelho, algumas lágrimas caíram no meu rosto. Acho que começou a "cair a ficha”. Fui fazer café (como fazia há 29 anos). Mas café pra que? Pra quem? Não tem mais banco???? Mais lágrimas saíram de meu rosto. Incrível , só agora percebi então (nunca nestes 29 anos) eu sequer tomei café no banco com os funcionários. Será que valeu a pena? Pensava só no banco, só nos clientes, só nas metas. Eu pensava assim: tomo café em casa mesmo para sobrar mais tempo no banco. O pior é que sinto saudades (de tudo/de todos). Mesmo com o estress do dia a dia eu amava o que fazia...."
O desabafo acima é de um gerente do Santander, que, a exemplo de milhares outros no Brasil, dedicou boa parte de sua vida ao trabalho no banco e ao invés de reconhecimento por isso foi demitido esta semana sem justa causa, passando a ser agora mais um número nas estatísticas da alta rotatividade do setor mais lucrativo do País.
“O que ele relata, em mensagem enviada aos amigos por meio das Redes Sociais, demonstra a aflição da pessoa quando leva o verdadeiro pé na bunda. Isso é, sem sombra de dúvidas, reflexo da nefasta a política de recursos humanos do banco espanhol , baseada tão somente na imposição de metas cada vez mais altas e das pressões para que sejam atingidas a qualquer custo”, critica Hércules Bíglia Júnior, diretor do Sindicato de Arapoti.
Para Hércules, a forma como o ex-bancário fala dá a entender que os bancos fazem uma espécie de lavagem cerebral nos funcionários, que acabam abrindo mão da qualidade de vida para cumprir o que é determinado, agindo como se fossem máquinas.
“O Santander, assim como os demais bancos só estão preocupados em bater novos recordes de lucro e por conta disso geram um contingente de trabalhadores e trabalhadoras adoecidos física e mentalmente, muitos descartados sem qualquer cerimônia por já não renderem o que era esperado ou simplesmente pelo fato de receberem uma remuneração maior, que nem sempre compensa a dedicação feita anos a fio ao banco”, denuncia.
A saída para esse grave problema que afeta a categoria, na avaliação do diretor do Sindicato de Arapoti e pressionar os bancos a abrirem a caixa preta do adoecimento no setor, bem como negociar com o movimento sindical o modelo de definição das metas, que atualmente é um dos principais fatores do elevado número de doenças psicológicas que afetam bancários e bancárias.
Por Armando Duarte Jr.