A deputada Erika Kokay (PT-DF) questionou na Câmara Federal o patrocínio feito por empresas públicas a uma série de seminários organizados por uma empresa em diversos Estados para defender a reforma trabalhista.

Denominado “Jornadas Brasileiras de Relações do Trabalho”, o evento tem o apoio da Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público, presidida pelo deputado Ronaldo Nogueira (PTB-RS), ex-ministro do Trabalho e Emprego do governo Michel Temer (MDB).

A deputada também integra esta Comissão e disse que Nogueira apresentou no requerimento número 332/2018, de abril deste ano, pedido de participação na realização do projeto “Articulação política pelo emprego” e que três meses depois o mesmo recebeu um adendo, passando a ser intitulado“Jornadas Brasileiras de Relações do Trabalho”.

“Se o presidente [Nogueira] nega os fatos e tem uma opinião formada na condição de ser ventríloquo e sabujo do governo Temer, essa posição pessoal não pode ser considerada a posição da Comissão”, afirmou a deputada.

Ela explica que “a Comissão é um colegiado e tem que se posicionar sobre as pautas. Ainda que o presidente negue os dados e ache que a reforma trabalhista modernize a relação, na verdade não há modernização, o que há é retrocesso. É uma volta à República Velha e à própria escravidão. Você não tem nenhuma modernização”, criticou.

Erica Kokay tomou conhecimento desse encaminhamento feito pelo colega após a repercussão do pedido de informações feito pela Fetec-CUT/PR (Federação das Trabalhadores em Empresas de Crédito do Paraná), dirigido às direções do Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e ao próprio governo Federal.

A Fetec-CUT/PR  fez este questionamento com base na Lei de Acesso à Informação (12.527/201) para saber quanto o BB e a Caixa gastaram para patrocinar os seminários a favor da reforma trabalhista.

A Caixa afirmou que fez o repasse do montante de R$ 300 mil em patrocínio para os eventos. Já o Banco do Brasil confirmou repasse, via BB Seguros, mas se negou a confirmar o valor. Os Correios também estão financiando esses eventos.

Os seminários são realizados pelo IBEC (Instituto Brasileiro de Ensino e Cultura) e pela Comissão de Trabalho da Câmara dos Deputados. Os palestrantes são professores, advogados, juízes e políticos favoráveis às mudanças feitas na CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), a pedido das empresas, para retirar direitos da Classe Trabalhadora.

De acordo com o IBEC, a correalização do evento é das entidades patronais CNI (Confederação Nacional da Indústria), Consif (Confederação Nacional do Sistema Financeiro), CNA (Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil), Febraban (Federação Brasileira de Bancos) e CNC (Confederação Nacional do Comércio).

Clique aqui para saber mais sobre os questionamentos feitos sobre o financiamento desses seminários.

Fonte: Fetec-CUT/PR