Sindicalismo

Trabalhadores do Cone Sul precisam de agenda conjunta

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03 de maio 2025

Lideranças do mundo do trabalho e da academia reunidos na sexta-feira (2/05) debateram a Situação da Classe Trabalhadora na América Latina. O II Seminário Internacional sucedeu o grande ato realizado em Foz do Iguaçu, na tríplice fronteira, com a presença de representantes de países do Cone Sul. Uma das frentes da conferência é a necessidade de uma agenda conjunta.

O seminário, realizado na Unila (Universidade Federal de Integração da América Latina) e organizado pela CUT/Paraná, pela CSA (Confederação Sindical das Américas) e pela CCSCS (Coordenadora das Centrais Sindicais do Cone Sul), teve uma mensagem especial do ex-presidente do Uruguai, Pepe Mujica, para os participantes do 1º de Maio Internacional e do Seminário.

“Quando se assume uma responsabilidade tão importante como é a organização social dos trabalhadores, há um dever que está acima dos demais deveres. Não é para nos tornarmos ricos, nem para brilhar na honra formal de nossa sociedade. É para tentar cumprir, em profundidade, com esse sentido comunitário que a espécie possui, que é conjugar a individualidade inevitável que cada um de nós representa com o ser coletivo que nos abriga, que se chama sociedade. Vocês podem trair a si mesmos. Mas jamais deveriam cometer a infâmia de trair os interesses gerais daqueles que gastam sua mente e suas mãos em trabalhos assalariados para poder viver”, disse Mujica na mensagem endereçada aos participantes.

Clique no link para ver a mensagem de Pepe Mujica: https://www.instagram.com/reel/DJKTEBbS20J/?utm_source=ig_web_copy_link&igsh=MzRlODBiNWFlZA==

Zulato ainda destacou a Marcha da Classe Trabalhadora que antecedeu o Dia do Trabalhador e da Trabalhadora. “Tivemos, no dia 29, uma grande plenária da Casse Trabalhadora com as Centrais Sindicais, onde realizamos uma grande marcha em Brasília. Lula disse ainda no seu primeiro mandato: ‘Não achem que eu vou dar uma canetada e mudar a situação dos trabalhadores, vocês têm que ir à rua, pautar e cobrar do governo’. Isso foi no primeiro mandato, quando a situação não era tão difícil quanto agora. Entregamos a nossa pauta ao governo com 26 itens, como a redução da jornada sem redução de salário. É muito importante nós, trabalhadores, no Brasil e na América Latina, estarmos unidos”, aponta.

O presidente da CUT Paraná, Marcio Kieller, citou o período de um novo mundo do trabalho, caracterizado pelo avanço da chamada "pejotização", o crescimento das plataformas e, com isso, uma onda de precarização. “Este é um cenário que assola todo o mundo e nós sentimos o peso deste avanço do capital aqui em nossos países do Cone Sul. Paralelamente, o avanço da extrema direita nos coloca outros desafios e mostra um cenário de incertezas e instabilidade em diversos países”, comentou.

De acordo com ele, a situação precisa ser debatida de forma ampla e conjunta. “Temos trabalhado, de forma incansável, com as centrais sindicais do Cone Sul na formulação de propostas, debates e teses que possam auxiliar essas ações e também essa união entre os trabalhadores e trabalhadoras destes países. Tentativas de golpe, redução de direitos, ataques à democracia e outros pontos que estamos vendo não apenas no Brasil, mas em toda a América”, completou Kieller.

Ao longo do dia, estes e outros temas foram debatidos a partir da visão de lideranças de Sindicatos e Centrais Sindicais, além de representantes da academia e outros setores da sociedade. Entre eles participaram o diretor do Escritório da OIT para o Brasil, Vinícius Pinheiro; o desembargador do trabalho, Célio Horst Waldraff; a Reitora da Universidade Federal da Integração Latino-Americana, Diana Araujo Pereira, a vereadora de Cascavel, Bia Alcântara; o representante do Ministério do Trabalho, Roberto Padilha Guimarães e o representante da CCSCS, representando Quintino Severo, Alexandre Bento.


Dirigentes do Vida Bancária durante o Seminário realizado pela CUT em Foz do Iguaçu

Por Gibran Mendes/CUT-PR