Propostas para um debate político

01 de setembro 2014
O gráfico acima, extraído do Blog Estadão Dados, serve para nos dar um parâmetro da profunda revolução, muitas vezes silenciosa, experimentada pelo Brasil nos últimos anos.
Os dados referem-se à 2010, mas o processo avançou ainda mais em anos mais recentes, porque as políticas que permitiram ao avanço foram aprofundadas. O salário mínimo continuou aumentando. Os programas sociais foram ampliados. O desemprego caiu. E a taxa média de juros nos últimos 4 anos foram as mais baixas em décadas.
Evidentemente, o cenário sócio-econômico nacional, após séculos de atraso político, manipulação da mídia, medidas “impopulares” e hegemonia do mercado financeiro nas decisões macroeconômicas, deixou um rastro de destruição que levará algumas décadas para ser revertido completamente.
Mas agora há não apenas esperança de que é possível mudar. Há um conjunto de grandes obras de infra-estrutura em andamento que mudarão, efetivamente, o nosso quadro sócio-econômico.
Muito se fala, por exemplo, da “desindustrialização”, um problema de fato grave em nosso país, mas não se analisa as suas causas, nem se discute o que estamos fazendo para superá-lo. Não se menciona que a construção de gigantescas refinarias no país tem como objetivo criar um novo boom industrial. Ao redor das novas refinarias instalar-se-ão cinturões industriais para converterem os derivados de petróleo num número sem-fim de produtos manufaturados.
Em seguida, ao redor dessas indústrias, surgirão outras fábricas, para usar os produtos manufaturados em objetos para consumo final, num ciclo virtuoso. É assim que as coisas funcionam na economia. A refinaria produz, a partir do petróleo, polímeros sintéticos, que por sua vez serão matéria-prima para indústrias de produtos plásticos e similares, essenciais para projetos de infra-estrutura e outros fins industriais.
É preciso uma indústria de base, e as novas refinarias de petróleo serão a nossa indústria de base.
A transposição do São Francisco e a construção das hidrelétricas também permitirão o surgimento de novos pólos industriais, aproveitando-se da água e da energia produzidas.
A construção de novas linhas férreas, cruzando as regiões brasileiras, reduzirão o custo dos fretes. A construção do trem-bala, vlts e metrôs, se o governo vencer as barreiras criadas pelos lobbies que sempre se opuseram (e conseguiram destruir) à implantação de um sistema ferroviário nacional, obrigará o país a criar uma indústria ferroviária própria, e aí novamente termos outro pólo industrial, com geração de empregos de alta remuneração.
Quem destruiu não apenas o sistema ferroviário nacional, como a própria ideia de que ele seria fundamental para o processo de infra-estrutura do país? Foi a ditadura, e as empresas (sobretudo as de mídia, que vivem dos anúncios das fábricas de carro) que a sustentaram.
O Brasil vive um momento de tensão porque as obras mais grandiosas, iniciadas ainda no governo Lula, precisam ser completadas.
O sistema de informação no país precisa ser modernizado, adequando-se mais à nossa diversidade e complexidade. A tentativa de tachar qualquer debate sobre mídia como “censura” apenas revela o espírito obtuso, antidemocrático e antimoderno de nossas grandes empresas de comunicação, todas consolidadas na ditadura e no período de profunda crise econômica que vivemos durantes as décadas de 80 e 90.
Que forças políticas poderão levar adiante esse projeto de país? Quais forças que, com todos os seus erros políticos ou mesmo administrativos, estão mais comprometidas com a soberania do Brasil e da América Latina?
Essa é a pergunta que as urnas deverão responder em outubro.
Por Miguel do Rosário/tijolaço.com.br