Cartilhas de combate à violência de gênero consolidam mais um passo na luta contra o assédio
26 de março de 2024
'Publicações, elaboradas em conjunto pelo Comando Nacional dos Bancários e a Febraban, fazem parte de diversas conquistas obtidas em mais de 20 anos de reivindicações
O Comando Nacional
dos Bancários e a Febraban (Federação Brasileira de Bancos) se reuniram na
segunda-feira (25/03), em São Paulo, para o lançamento de duas cartilhas de
combate à violência de gênero: “Sexo Frágil – Um manual sobre a masculinidade e
suas questões” e “Como conversar com homens sobre violência contra meninas e
mulheres”.
“Estamos muito
felizes hoje, com o lançamento dessas publicações, que são o fruto de um
trabalho de mais de 20 anos, marcados a partir da instauração da mesa de
Igualdade de Oportunidades, uma demanda dos trabalhadores nas mesas de
negociação com os bancos”, observou Fernanda Lopes, secretária de Mulheres da
Contraf-CUT.
“Nós partimos hoje
do ponto de uma sociedade com números crescentes de violência contra a mulher.
Daí a importância dessas cartilhas, para fazer essa informação chegar, por meio
da capilaridade dos bancos e dos Sindicatos, a todo o território. O que
esperamos para o futuro, é que não precisemos mais de uma cartilha. Mas o
lançamento delas é fundamental para alcançar isso lá na frente, para nossas
filhas, para todas nós”, completou Fernanda.
“Há um ano,
estávamos num encontro como este, falando do lançamento do programa. É muito
bom, portanto, estar aqui, agora, com a consolidação de uma das propostas”,
avaliou Neiva Ribeiro, presidenta do Sindicato dos Trabalhadores do Ramo
Financeiro de São Paulo, Osasco e Região. “É muito importante esse diálogo com
os homens, para alcançar uma sociedade segura para as mulheres. Porque o mundo
vive uma disputa de narrativas e estas publicações, construídas dentro de nossa
negociação coletiva, são fundamentais para que a narrativa verdadeira seja
compreendida e, a partir daí, mudar esse cenário de violência contra a mulher,
para além dos bancos, mas em todos os espaços da sociedade”, completou.
“Hoje é um dia
muito feliz, porque começamos com a divulgação do 1º Relatório Nacional de
Transparência Salarial, em Brasília, que tem como princípio
mostrar o retrato real do país, por região, para criar políticas e reduzir as
desigualdades remuneratórias entre mulheres e homens. Não dá para falar em
sociedade justa sem igualdade salarial entre gêneros”, lembrou Juvandia
Moreira, presidenta da Contraf-CUT. “E, agora, terminamos o dia no lançamento
dessas cartilhas, material fundamental para que a sociedade compreenda a
necessidade do combate ao assédio contra a mulher, em todos os espaços”,
completou.
Juvandia também
reforçou a satisfação de ver tantos frutos produzidos nos 20 anos de luta das
trabalhadoras bancárias, nas mesas de negociação e debates nas bases dos
movimentos sindicais. “Precisamos alterar esse modo de organizar nossa
sociedade, patriarcal, que reduz a representatividade de mulheres nos espaços
de liderança e poder. A desigualdade salarial, é resultado dessa realidade, que
precisa ser reconhecida para ser mudada”, pontuou a presidenta da
Contraf-CUT.
Fernanda Lopes reforçou que o movimento sindical também criou, em 2019, o
canal Basta! Não irão nos calar!,
de suporte jurídico às mulheres vítimas de violência e que, desde então, soma
413 atendimentos. “Temos muito orgulho em falar do Basta!, porque cada mulher
atendida é uma vida que podemos estar salvando”, pontuou.
“Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, em 2023, ocorreram 10.655
feminicídios. A cada seis horas uma mulher ou menina é assassinada no Brasil.
Por isso, é tão importante esse tipo de iniciativa”, reforçou Amanda Corsino,
secretária da Mulher da CUT (Central Única dos Trabalhadores).
participou do evento de lançamento das cartilhas em São Paulo
Sobre as publicações
Os materiais fazem
parte do Programa
Nacional de Iniciativas de Prevenção à Violência Contra a Mulher, de conscientização e combate à
violência de gênero, lançado em 2023 e conquista das bancárias, na luta contra
o assédio no ambiente de trabalho e na sociedade.
A publicação “Sexo
Frágil – Um manual sobre a masculinidade e suas questões” foi desenvolvida pelo
IMP (Instituto Maria da Penha) e Virtus – Defesa Social, Segurança Pública e
Direitos Humanos. Enquanto a cartilha “Como conversar com homens sobre
violência contra meninas e mulheres”, escrita por Viviana
Santiago, foi desenvolvida pelas organizações Papo de Homem e Instituto
PDH.
“Ambos os materiais foram viabilizados pelo movimento sindical, incluindo a
Contraf-CUT, além da Febraban”, explicou Fernanda Lopes.
Mulheres do
movimento sindical bancário no lançamento das cartilhas “Sexo Frágil – Um
manual sobre a masculinidade e suas questões” e “Como conversar com homens
sobre violência contra meninas e mulheres”
Veja a seguir, as principais
conquistas das bancárias na CCT da categoria:
2000: inclusão do tema igualdade de
oportunidade nas mesas de negociação;
2009: Licença-maternidade de 180
dias e extensão de direitos aos casais homoafetivos;
2010: inclusão da cláusula que criou
o programa de combate ao assédio moral;
2016: Licença-paternidade de 20
dias;
2020: programa de prevenção à
violência contra a mulher bancária, no âmbito doméstico e familiar, incluindo a
criação de canais de acolhimento, orientação e auxílio às mulheres em situação
de violência doméstica e familiar;
2022: cláusula que criou o programa
de combate ao assédio sexual.
Fonte:
Contraf-CUT