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Trabalhadores de países em desenvolvimento serão os mais afetados por mudanças climáticas

Trabalhadores de países em desenvolvimento serão os mais afetados por mudanças climáticas

23 de abril de 2024

Projeções apontam para redução de US$ 2.400 bilhões no PIB mundial, até o final de 2030

A emergência climática é um caminho sem volta. A questão é como a humanidade conseguirá amenizar e reverter os impactos das crises ambientais causadas com o aumento na temperatura média do planeta. O movimento sindical de trabalhadores, no mundo inteiro, vem trabalhando com diagnósticos e propostas desde os anos 1990. Mas, por conta da conjuntura, passou a pautar com mais intensidade o tema nos últimos anos.

“Estamos assistindo a uma escalada sem precedentes de desastres naturais. Só nas últimas semanas, as notícias foram: ‘Crise climática pode derrubar renda global em até 19% até 2050’; ‘Dois anos de chuvas caem em menos de 24 horas nos Emirados Árabes’; e ‘Secretário executivo da Convenção-Quatro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas alerta que temos apenas dois anos para salvar o planeta'”, destaca a secretária de Relações Internacionais da Contraf-CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro), Rita Berlofa.

“Se, por um lado, até hoje não conseguimos mudanças estruturais reais, por parte da sociedade e dos governos, acreditamos que agora é o momento! Precisamos fazer a transição de uma economia poluente para uma economia sustentável e justa para as trabalhadoras e os trabalhadores”, completa.

Impactos

Diversos relatórios divulgados nos últimos anos vêm apontando que as principais vítimas das mudanças climáticas são as populações pobres do Sul Global (termo utilizado para referir-se tanto ao terceiro mundo como ao conjunto de países em desenvolvimento). Um desses relatórios é da Oxfam, Confederação global voltada às soluções contra a pobreza e a desigualdade.

“As pessoas que vivem na pobreza estão mais vulneráveis aos efeitos das mudanças climáticas por muitas razões. Elas são frequentemente forçadas a morar em casas improvisadas, em terras propensas a inundações, tempestades e deslizamentos de terra. Com todas as dificuldades que enfrentam, poucos têm economias para usar em casos de emergências. E quando os desastres acontecem, má alimentação, falta de saneamento e de assistência médica geram doenças que se espalham rapidamente”, explica a entidade.

OIT (Organização Internacional do Trabalho), por sua vez, estima que as mudanças climáticas e a excessiva poluição já estão provocando graves riscos para a saúde de 70% dos trabalhadores pelo mundo.

Os riscos incluem câncer, doenças cardiovasculares, respiratórias, problemas renais e de saúde mental. Em relação ao câncer, relatório da entidade aponta que 1,6 bilhão de trabalhadores estão sendo expostos à radiação ultravioleta (UV), com mais de 18.960 mortes anual, provocadas por câncer da pele não melanoma.

Seminário sobre transição justa

A “Transição justa: uma proposta sindical para abordar a crise climática e social“, lançada pela CUT (Central Única dos Trabalhadores) em 2021, destaca ainda que, se nada for feito, até 2030, o estresse climático irá prejudicar grande parte do 1 bilhão de trabalhadores e trabalhadoras das áreas agrícolas e 66 milhões das áreas têxteis.

“Projeta-se uma redução de 2,2% no número total de horas de trabalho no mundo e de US$ 2.400 bilhões no PIB mundial, até o final da próxima década”, acrescenta o material da entidade.

Até o final do século, a previsão é de aumento médio da temperatura entre 1,7°C e 6,7°C para a região da América Latina. No Brasil, projeta-se a perda de 849.900 horas de trabalho, considerando o aumento médio de 1,5°C.

“Esse relatório acrescenta que os países em desenvolvimento vão concentrar as perdas de produtividade de emprego, com o aquecimento global. Regiões onde as condições do mercado de trabalho já são, atualmente, mais precárias, com altas taxas de vulnerabilidade de emprego e pobreza laboral”, pontua a secretária de Políticas Sociais da Contraf-CUT, Elaine Cutis.

Ela destaca que, no dia 8 de maio, a entidade realizará o encontro “Impactos e Desafios para uma Transição Justa e Desenvolvimento Sustentável”, no formato híbrido (poderá ser acompanhado online ou de forma presencial, na sede da entidade). “A transição justa é um debate fundamental e de total interesse da Classe Trabalhadora. Então, convidamos a todas e todos que não deixem de se inscrever e de participar”, completa Cutis.

Para realizar inscrições para o evento, voltado para dirigentes sindicais bancários, clique aqui, e aqui para conhecer a programação completa.

Fonte: Contraf-CUT

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