A economia é instrumento de dominação
18 de março de 2024
Curso “Economia para Transformação Social”, promovido pela Contraf-CUT nos dias 13 e 14/03, debateu as principais fases do capitalismo com e a economia com palestras dos professores Pedro Rossi e Juliane Furno
As atividades foram ministradas pela professora-doutora Juliane Furno e pelo professor livre-docente Pedro Rossi, autores do livro também intitulado Economia para Transformação Social, publicado pela Fundação Perseu Abramo, que também cedeu os exemplares para os participantes do curso da Contraf-CUT.
O conteúdo deste primeiro módulo foi dividido em dois dias. Na quarta-feira (13), as atividades, ministradas pela professora Juliane, incluíram tópicos como dinheiro e organização social; Marx e Keynes no pensamento econômico; neoliberalismo; e desenvolvimento, subdesenvolvimento e dependência. Leia detalhes da participação da professora Juliane.
Na quinta-feira (14), com o professor Pedro Rossi, os temas estudados foram transformações no capitalismo global e o mundo pós-pandemia; o fim da ordem liberal, a crise de 1929 e o New Deal; o pós-guerra e os estados de bem-estar social; a economia internacional na era da globalização; e crise de 2008, pandemia e transformações na ordem internacional.
Participantes se reúnem, ao final do
curso, com exemplares do livro “Economia para Transformação Social”
No segundo dia do
primeiro módulo, o economista Pedro Rossi reforçou que “Economia é também
autoconhecimento, e entendê-la é entender o mundo que nos cerca”. Para ele,
“assim, é possível ter instrumentos para transformá-lo”.
O professor, que também é pesquisador do Cecon (Centro de Estudos de Conjuntura
e Política Econômica), alertou que a economia vem sendo usada, ao longo da
história e até os dias de hoje, como instrumento de dominação ideológica. Além
de ser apresentada com uma linguagem muito utilitarista, técnica e “como se não
tivesse relação com a vida das pessoas e com as classes sociais”, a economia é
disseminada de forma a naturalizar e legitimar as injustiças dos sistemas
sociais.
Segundo o pesquisador, “para apontar as injustiças desse sistema, ter
instrumentos para enfrentar o discurso econômico hegemônico, temos que nos apropriar
de conhecimento”. Conforme ele pontuou, essa foi a razão principal para a
criação, dentro da Perseu Abramo, do curso, que mais tarde levou à criação do
livro “Economia para transformação social: pequeno manual para mudar o mundo”.
“Queremos trazer os temas econômicos para transformar a realidade por meio
deste ‘pequeno manual para mudar o mundo’. Se a gente mudar a compreensão de
uma pessoa, já teremos contribuímos para o processo de transformação social”,
completou.
O curso
Com esse denso conteúdo,
o curso busca apresentar, de forma panorâmica e acessível, os principais
elementos, ferramentas e discussões necessárias para a compreensão da economia.
A professora Juliane, ao se referir à relevância desse conhecimento para o
dirigente sindical, resume que “quem melhor entende a realidade, melhor
consegue pensar em uma tática adequada para se posicionar e ter vitórias; por
isso, estudar, e estudar coletivamente, é fundamental”.
Para o secretário de Formação da Contraf-CUT, Rafael Zanon, “o curso faz parte
do programa nacional de dirigentes do ramo financeiro, com conteúdo e análises
que permitam uma melhor compreensão dos diretores das entidades sindicais sobre
a história do pensamento econômico, os embates e debates de ideias no passado e
no presente”. Zanon afirma que, “com isso, o programa amplia a capacidade do
dirigente para fazer análises de conjuntura e para prever cenários econômicos,
preparando-os para uma intervenção qualificada na sociedade, ajudando na
construção do fortalecimento das lutas pelos interesses da classe
trabalhadora”.
Os professores
Juliane Furno,
cientista social, economista, doutora em Desenvolvimento Econômico pela Unicamp
(Universidade Estadual de Campinas), foi assessora sindical da CUT.
Recém-concursada para professora do Departamento de Economia da Uerj (Universidade
Estadual do Rio de Janeiro), é assessora da diretoria do BNDES.
Pedro Rossi, professor livre-docente do Instituto de Economia da Unicamp e
pesquisador do Cecon (Centro de Estudos de Conjuntura e Política Econômica),
foi pesquisador visitante da Unctad/ONU (Genebra), professor visitante da Fudan
University (Shanghai) e pesquisador visitante na University College London.
Outros módulos
O Curso Economia
para Transformação Social terá ainda outros três módulos. Confira a seguir a
agenda e o programa de cada um.
Módulo 2 (remoto)
Dia 2 de abril, das 19h às 22h, pela plataforma Zoom.
– Mitos econômicos
e o debate brasileiro
– Mitologia fiscal
e a retórica da austeridade
Módulo 3 (remoto)
Dia 23 de abril, das 19h às 22h, pela plataforma Zoom.
– Excesso de gastos
e o país quebrado
– Os mitos sobre a
inflação
– O mito da
meritocracia
Módulo 4 (presencial)
Em São Paulo, local
a confirmar.
Dia 15 de maio de 2024, das 10h às 17h.
– Subdesenvolvimento,
neoliberalismo e transformação social no brasil
–
Subdesenvolvimento, industrialização e neoliberalismo
Dia 16 de maio de 2024, das 9h às 16h.
– Crescimento e
distribuição nos governos Lula e Dilma
– Ascensão e
fracasso da estratégia neoliberal
– Agenda econômica
para a transformação social
Fonte:
Contraf-CUT